16 de julho de 2012

A poesia de cada dia... Florbela Espanca


Amiga

Deixa-me ser a tua amiga, Amor,
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor
A mais triste de todas as mulheres.

Que só, de ti, me venha magoa e dor
O que me importa a mim? O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for,
Bendito sejas tu por mo dizeres!

Beijá-me as mãos, Amor, devagarinho...
Como se os dois nascessemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho...

Beija-mas bem!... Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei pra minha boca!

Essa é uma das minhas poetisas preferidas. Portuguesa, uma mulher inteligente e intensa... Eu amo seus sonetos. Não é para todos os gostos, é preciso ter a alma extremamente sensível para compreender a poetisa, entender e poder sentir o que ela sentia quando criou os versos... Amo!

Um pouco sobre ela:
 Florbela Espanca (1894 — 1930), batizada com o nome Flor Bela Lobo, foi uma poetisa portuguesa. Florbela viveu durante trinta e seis anos, teve uma vida tumultuada e cheia de sofrimentos, que eram transformados em poesias, cheias de erotização e feminilidade.

Florbela nasceu em Vila Viçosa, no Alentejo, Portugal. Foi já na Escola Primária que ela começou a assinar os seus textos Flor d’Alma da Conceição. Suas primeiras composições poéticas datam dos anos de 1903. Florbela foi uma das primeiras mulheres em Portugal a frequentar o curso secundário.


Florbela escreveu poesias e contos, um diário, traduziu diversos romances e colaborava com várias revistas e jornais, como Modas & Bordados (do jornal O Século de Lisboa), Notícias de Évora, A Voz Pública e outros, era uma autora com diversas facetas.


Sua poesia era quase sempre em forma de soneto, e principalmente com a temática amorosa. Os assuntos preferidos eram o amor, solidão, tristeza, saudade, sedução, desejo e morte. Além desses, escreveu um soneto patriota: “No meu Alentejo”, que era sua terra Natal.


Florbela publicou 6 livros de poesias, como “Livro de Mágoas”, “Charneca em Flor”, “Sonetos Completos”, 3 livros de prosa, diversas traduções como “Ilha azul”, “O segredo do marido” e muitos outros.


Florbela foi diagnosticada com um edema pulmonar, e com isso perdeu a vontade de viver. Tentou o suicídio duas vezes, inclusive na véspera da publicação de sua principal obra, “Charneca em Flor”, porém, não resistiu à terceira. Florbela faleceu em Matosinhos, de overdose de barbitúricos, no dia do seu aniversário, em 1930.

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